quinta-feira, 28 de julho de 2005

Correu até seu quarto. A carta que tinha nas mãos era especial, esperada. Passara horas de suas últimas semanas olhando pela janela esperando o carteiro. Quando ele chegava, ela corria para a pequena caixinha de ferro em frente a sua casa.

Seu bairro era um lugar muito agradável de se morar. Seus vizinhos, pessoas distintas da sociedade, sempre sorridentes e educados. As cartas chegavam periódicamente, em sua maioria contas para seu pai e propagandas de lojas do Shopping Center para sua mãe. Raramente vinha algum envelope diferente para ela. Propaganda de colégios que já estudou ou descontos em restaurantes eram os mais recebidos pela garota. Mas essa carta era tudo que ela queria ver desde que aquela pessoa tão especial para ela tinha ido embora. Sentia um vazio tão grande que tentava preencher com passatempos.

Não estava acreditando no que via a sua frente. Aquele envelope grande e bege cujo nome do remetente ela leu e releu tentando adivinhar o que passara pela cabeça da amiga quando o escreveu. O que será que ela estaria fazendo agora? Sabia que as primeiras semanas seriam assim: querendo notícias o tempo todo, pensando na amiga demais. Na maior parte do tempo ela se distraía. Os programas com os amigos a ajudavam. Mas as vezes o coração apertava mais forte e não dava para controlar. Era mais forte que ela. Sentia-se miserável, sozinha, triste.

Antes de abriu colocou uma música que lembrava a amiga no cd payer. O coração batia forte e suas mãos tremiam. Uma gota de suor ameaçou cair. Rasgou a pontinha do papel e deixou-a cair no chão. A folha de dentro, intacta, toda escrita a mão era o objeto de sua ansiedade. Retirou-a de dentro do envelope. No momento em que ia começar a ler ouviu um barulho de porta batendo. Estava sozinha em casa e começou a ficar com medo. Sua casa era grande e tinha um segurança, mas ele ainda não chegara. Desligou o som num pulo e se abaixou atrás da cama imóvel e calada. Ouvia barulhos do que pareciam ser pessoas em casa, porém seus pais só chegariam dentro de meia hora. Olhou seu celular na estante. Sem pensar levantou para pegá-lo. Em menos de segundos ela estava nos braços de um homem estranho que segurava sua boca com um pano.

Eram dois homens vestidos de preto. Eles não falaram nada. Ela tentava gritar, espernear, mas não adiantava, eles eram muito maior que ela. Afinal, todos eram muito maior que ela! Foi levada para um furgão que estava estacionado em um lugar longe dos olhos de seus vizinhos. Não tinha o que fazer. Ela não podia lutar contra eles. Apenas fechou os olhos e chorou. Nunca mais foi vista. E a carta permaneceu jogada no canto da sua cama eternamente.

quinta-feira, 21 de julho de 2005


Praia do Sancho - Fernando de Noronha - PE - Brasil

Ba�a dos Porcos - Fernando de Nornha - PE - Brasil

Cacimba do Padre - Fernando de Noronha - PE - Brasil

Buraco da Raquel - Fernando de Noronha - PE - Brasil

Atalaia - Fernando de Noronha - PE - Brasil

Impressionante!

Perder uma semana de aula: duas provas.
Custo total da viagem: caro!
Viagem de avião: cansativa.
Conhecer as duas praias mais bonitas do Brasil, ver muitos golfinhos, nadar com tartarugas, surfar (tudo bem que uma onda só...) na Cacimba do Padre, ver a sua sombra na areia boiando no mar com 3 metros de profundidade, nadar em piscinas naturais, ver dois tubarões de pertinho, rodízio de sushi com excelente companhias, presenciar pores-do-Sol de cinema, passar por cima de uma raia com o teu tamanho, conhecer pessoas que realmente se preocupam com a natureza e que fazem de tudo para você se sentir "em casa": não tem preço.


Faltam palavras para o que vimos nessa viagem. Não adianta colocar inúmeras fotos, elas não conseguem passar a energia do lugar. Simplismente lindo!!
PS: todas as fotos publicadas foram tiradas por nós (eu e fer), nenhuma é cartão postal ou fotos de internet! Qualquer leigo tira fotos lindas, não tem como errar!

terça-feira, 5 de julho de 2005

Admirável Mundo Novo

A filosofia mecanicista explica tudo de forma racional. Ela faz uma alusão do homem com a máquina. Compara, através de uma metáfora, o mundo com um relógio, funcionando mecanicamente. Os principais expoentes dessa filosofia foram Galileu e Descartes. Galileu juntou o experimentalismo de Bacon com o racionalismo de Descartes, explicando fatos por essa lógica.
Os acontecimentos ocorridos durante a vida de uma pessoa são explicados pelo mecanicismo como uma necessidade humana. A necessidade é o que aproxima o homem do animal, que os fazem semelhantes. Trabalho, esporte, lazer, educação, sexo, industria cultural, ciência, tecnologia, arte, evolução, progresso, família e amor são temas que podem ser explicados racionalmente, pelas vontades que o homem tem em dados momentos. Já o nascimento, morte e sentido da vida tem significados mais amplo. São conseqüências de atos exercidos pelas necessidades. A filosofia mecanicista vê as coisas como uma máquina, matéria em movimento. E a vida segue um rumo normal, com acontecimentos racionais que seguem um padrão racional de comportamento humano.
Os homens do Admirável montaram uma sociedade que julgavam perfeita. Eles fizeram das necessidades suas prioridades, dividindo-as para diferentes grupos de pessoas. Nessa sociedade não podia existir guerras, porém também não se sabia o que era o amor. Tudo era racional e automático, privando o ser de escolhas e recompensas. Cada homem dos diferentes grupos exercia sua tarefa mecanicamente.
Os habitantes do Admirável não podiam, no entanto, ter sentimentos ou opinião sobre nada. A morte era tratada friamente, e não era permitido engravidar. Os dias eram rotinas. A promiscuidade incentivada. O amor era ridicularizado. Eles viviam para fazer o “organismo” funcionar. Não tinham metas nem sonhos. Não existiam famílias também. Os bebês eram feitos em laboratórios de acordo com o que a sociedade estava precisando. Alguém que goste de trabalhar, alguém que queira pesquisar, pessoas bonitas para participar das festas, etc.
Os homens de fora do Admirável eram vistos por estes como selvagens, primitivos, menos inteligentes. John tinha valores muito diferentes aos daqueles do Admirável. Ele se permitia sentir e realizar o que sentia. Ir atrás do que sonhava. Ele não era uma máquina, que apenas funciona sem pensar no que faz, sem gostar do que faz. Ele queria viver a vida intensamente, sentir o mundo e as pessoas ao seu redor. Amar os outros e o mundo em que vivia. Fazer o que tem vontade e não fazer apenas o que é certo ou errado. Fazer escolhas usando o sentimento e não a razão.
Opondo-se ao que o mecanicismo prega, John não é apenas um integrante do sistema ajudando no seu bom funcionamento. Ele não pratica apenas suas necessidades. Ele tem vontades diferentes das essenciais que todos os outros têm. E isso faz dele um ser único. Uma pessoa diferente de todas as outras. Ele não age por instinto. Não trabalha porque precisa e transa com qualquer uma porque tem vontade naquele momento. Faz as coisas por escolha própria.